sábado, 10 de novembro de 2012


Rede social



Uma rede social é uma estrutura social composta por pessoas ou organizações, conectadas por um ou vários tipos de relações, que partilham valores e objetivos comuns. Uma das características fundamentais na definição das redes é a sua abertura e porosidade, possibilitando relacionamentos horizontais e não hierárquicos entre os participantes. "Redes não são, portanto, apenas uma outra forma de estrutura, mas quase uma não estrutura, no sentido de que parte de sua força está na habilidade de se fazer e desfazer rapidamente."[1]
Muito embora um dos princípios da rede seja sua abertura e porosidade, por ser uma ligação social, a conexão fundamental entre as pessoas se dá através da identidade. "Os limites das redes não são limites de separação, mas limites de identidade. (...) Não é um limite físico, mas um limite de expectativas, de confiança e lealdade, o qual é permanentemente mantido e renegociado pela rede de comunicações."[2]
As redes sociais online podem operar em diferentes níveis, como, por exemplo, redes de relacionamentos (FacebookOrkutMySpaceTwitter,Badoo), redes profissionais (LinkedIn), redes comunitárias (redes sociais em bairros ou cidades), redes políticas, dentre outras, e permitem analisar a forma como as organizações desenvolvem a sua actividade, como os indivíduos alcançam os seus objectivos ou medir o capital social – o valor que os indivíduos obtêm da rede social.
As redes sociais tem adquirido importância crescente na sociedade moderna. São caracterizadas primariamente pela autogeração de seu desenho, pela sua horizontalidade e sua descentralização.
Um ponto em comum dentre os diversos tipos de rede social é o compartilhamento de informações, conhecimentos, interesses e esforços em busca de objetivos comuns. A intensificação da formação das redes sociais, nesse sentido, reflete um processo de fortalecimento da Sociedade Civil, em um contexto de maior participação democrática e mobilização social.

Formas de redes sociais

As redes sociais costumam reunir uma motivação comum, porém podem se manifestar de diferentes formas. As principais são:
Redes comunitárias: estabelecidas em bairros ou cidades, em geral tendo a finalidade de reunir os interesses comuns dos habitantes, melhorar a situação do local ou prover outros benefícios.
Redes profissionais: prática conhecida como networking, tal como o linkedin, que procura fortalecer a rede de contatos de um indivíduo, visando futuros ganhos pessoais ou profissionais.
Redes sociais online: tais como FacebookOrkutMySpaceTwitter,Badoo WorldPlatform (normalmente estamos acostumados a redes sociais públicas, mas existem privadas. Normalmente, existem estágios de tempo em cada rede social até que se torne pública) que são um serviço online, plataforma ou site que foca em construir e refletir redes sociais ou relações sociais entre pessoas, que, por exemplo, compartilham interesses e/ou atividades, bate-papo, jogar com os amigos, entre outras funções.
Como já dito acima, existem redes sociais públicas, em que o registo está desbloqueado para todos. As privadas podem pedir o endereço eletrónico e só depois de uma resposta é que o registo fica disponível, nesse tipo de rede nem sempre são aceites todos os tipos de pessoas. Existem ainda as redes sociais pessoais, para família ou amigos, pouco conhecidas na Internet.

[editar]Os jogos nas redes sociais

Num curto período de tempo, apareceram os jogos especialmente feitos para as redes sociais. Estes são construídos por empresas externas, como por exemplo, a Zynga ou a EA Games. O modelo de jogo é muito diferente de um jogo convencional, os jogos presentes em redes sociais, são feitos para conseguir melhor pontuação do que os "amigos". A forma como os menus são apresentados mostra esse objetivo. As empresas não trabalham totalmente gratuitamente para esses jogos, aliás existem partes desses jogos que são pagos, como alguns itens e por vezes, níveis. Com o crescimento de grandes redes sociais, são cada vez mais as empresas que começam a criar, mediante grandes jogadores utilizarem redes sociais não só para comunicar mas para jogar.

[editar]Análise de redes sociais


Um exemplo de um diagrama de uma rede social. O  com maior grau de centralidade de intermediação está representado em amarelo
A análise de redes sociais (relacionada com as redes complexas) surgiu como uma técnica chave na sociologia moderna. O conceito surgiu na Sociologia e Antropologia Social. No final do século XX, o termo passou a ser olhado como um novo paradigma das ciências sociais, vindo ser aplicada e desenvolvida no âmbito de disciplinas tão diversas como a antropologia, a biologia, os estudos de comunicação, a economia, a geografia, as ciências da informação, a psicologia social e, sobretudo, no serviço social.
A ideia de rede social começou a ser usada há cerca de um século atrás, para designar um conjunto complexo de relações entre membros de um sistema social a diferentes dimensões, desde a interpessoal à internacional.
Em 1954, J. A. Barnes começou a usar o termo sistematicamente para mostrar os padrões dos laços, incorporando os conceitos tradicionalmente usados quer pela sociedade quer pelos cientistas sociais: grupos bem definidos (ex.: tribos, famílias) e categorias sociais (ex.: género, grupo étnico).
Académicos como S.D. Berkowitz, Stephen Borgatti, Ronald Burt, Kathleen Carley, Martin Everett, Katherine Faust, Linton Freeman, Mark Granovetter, David Knoke, David Krackhardt, Peter Marsden, Nicholas Mullins, Anatol Rapoport, Stanley Wasserman, Barry Wellman, Douglas R. White ou Harrison White expandiram e difundiram o uso sistemático da análise de redes sociais.[3]
Em teoria, na estrutura das redes sociais os atores sociais se caracterizam mais pelas suas relações do que pelos seus atributos (gênero, idade, classe social). Estas relações tem uma densidade variável, a distância que separa dois atores é maior ou menor e alguns atores podem ocupar posições mais centrais que outros. Este fenômeno é explicado por alguns téoricos apontando a existência de laços fortes e fracos e a dos buracos estruturais onde se encontram os atores que não podem comunicar entre si a não ser por intermédio dum terceiro.[4]
No estudo da estrutura das redes sociais é necessário incluir as relações de parentesco de seus membros, redes sociométricascapital social, redes de apoio, de mobilização, interconexões entre empresas e redes de política pública.
É composta por três elementos básicos:
  • Nós ou atores
  • Vínculos
  • Fluxos de informação (unidirecional ou bidimensional)

Referências

  1.  [Duarte, Fábio e Frei, Klaus. Redes Urbanas. In: Duarte, Fábio; Quandt, Carlos; Souza, Queila. (2008). O Tempo Das Redes, p. 156. Editora Perspectiva S/A. ISBN 978-85-273-0811-3]
  2.  [Capra, Fritjof. Vivendo Redes. In: Duarte, Fábio; Quandt, Carlos; Souza, Queila. (2008). O Tempo Das Redes, pp. 21/23. Editora Perspectiva S/A. ISBN 978-85-273-0811-3]
  3.  Linton Freeman, The Development of Social Network Analysis. Vancouver:Empirical Press, 2006.
  4.  LEMIEUX,VINCENT. MATHIEU OUIMET, Sérgio Pereira. Análise Estrutural das Redes Sociais. 1ª Edição.Instituto Piaget. 2008/01. ISBN 9789727719334

[editar]Bibliografia                                                                                                          

  • Jackson, Matthew O.. (2003). "A Strategic Model of Social and Economic Networks". Journal of Economic Theory 71: 44–74. DOI:10.1006/jeth.1996.0108. pdf
  • Manski, Charles F.. (2000). "Economic Analysis of Social Interactions". Journal of Economic Perspectives 14: 115–36. [1] via JSTOR
  • Newman, Mark. (2003). "The Structure and Function of Complex Networks". SIAM Review 56: 167–256. DOI:10.1137/S003614450342480.


Origens do Medo da Morte

Dualidade e Apego

A história do desenvolvimento humano se dá em quatro dimensões: física, emocional, intelectual e espiritual (KÜBLER-ROSS, 1983 e 1995). É no desenvolvimento destas dimensões que se forma o medo visceral e irracional da morte. Pela intenção e pelo desejo nascemos para esta realidade. (PIERRAKOS, 1990) Para entrar nesta dimensão dual a alma precisa se apegar ao corpo, o que nos traz já duas grandes realidades com as quais brigaremos grande parte de nossa existência: a dualidade e o apego. (JOHNSON, 1996) A dualidade se nos apresenta pelos opostos. Conhecemos o salgado e o doce, o quente e o frio, o amor e o medo, a dor e o prazer, corpo e alma, natureza e consciência, o bem e o mal... A espécie humana é expressão de uma divisão em duas partes, anteriores ao nascimento, que se manifesta em muitas formas. A relação dupla da criança a um só tempo com o pai e a mãe é o símbolo dessa divisão. Características masculinas e femininas, oriundas desta relação, se alternarão em nossos comportamentos e relacionamentos todo tempo. Para solucionar este conflito projetamos e transferimos nossa dualidade primária, experienciada nos relacionamentos parentais em praticamente todas as nossas atitudes. A depender da cultura na qual estamos inseridos, atribuiremos a determinados valores o positivo e o negativo. Nesta nossa abordagem, o positivo e o negativo da conclusão de cada uma das fases do desenvolvimento não estão relacionados a bom ou ruim mas sim ao resultado de uma vivência adequada ou inadequada do indivíduo na sociedade. (JOHNSON, 1996) Quando escolhemos uma das polaridades de qualquer de nossas dualidades, internamente tentamos matar a outra e assim negamos parte de nós que, por não morrer e ter a necessidade de ser ouvida e vista, fica minando nossas intenções na tentativa de ser ouvida e vista e conseqüentemente fica dando-nos experiências cada vez mais sofridas e dolorosas obrigando-nos a vê-la. Em casos extremos, estas experiências podem até nos levar à morte física. Fugimos destas nossas mortes diárias pelo medo visceral da morte física, o que nos impede de viver nossa vida no momento presente. (MAY, 1988) Apenas quando nos tornamos conscientes de nossas transferências e projeções podemos escolher fazer a entrega para efetuar a transformação com a responsabilidade pelo nosso próprio processo e retornar ao Self. (JUNG, 1964) Apenas quando nos tomamos conscientes das nossas pequenas mortes diárias, em todas as suas dimensões, somos capazes de viver em plenitude a felicidade que o cotidiano nos traz e caminhar com segurança para nossa morte física. (KÜBLER-ROSS, 1978, GLACER e STRAUSS, 1965). O apego é a grande causa do sofrimento humano (ALMEIDA, 1995). Sofremos porque perdemos toda e qualquer coisa: sofremos porque perdemos um brinquedo, um carro, uma casa, nossas imagens e ilusões, pessoas queridas... Perdemos, perdemos e perdemos... e sofremos. Entramos aqui num círculo vicioso de perda e dor: por medo da entrega, nos apegamos ao conflito da dualidade, que nos é conhecido, reforçamos o medo, reforçamos o apego, e reforçamos a dualidade... Como aprendemos em nossa cultura, evitamos a dor, evitamos a perda e fugimos da morte, ou pensamos fugir dela, o que nos mantém presos ao círculo. (BROMBERG, 1994 e PIERRAKOS, 1990).

A Evolução do Desenvolvimento Humano nas Quatro Dimensões 

A morte se revela a nós a todo instante e em todas as circunstâncias, pois o seu registro está em nossas células, em nossas emoções, em nosso racional. "Nós podemos até retardá-la, mas não podemos escapar dela". (KÜBLER-ROSS, 1975) As quatro dimensões da totalidade do ser humano se desenvolverão na seguinte ordem: física, emocional, mental e espiritual. Estas dimensões estão interligadas no processo contínuo de nosso desenvolvimento e, claro, consideremos didática a rigidez de sua cronologia. Quanto mais abrangente for o nosso auto-conhecimento, mais ampliaremos nossa consciência (WILBER, 1977), tendendo a permanecer em nosso centro: único lugar de onde teremos a chance de responder de forma inteira às solicitações que o viver nos traz no nosso dia a dia. (WALSH, 1980). Este ponto, além do cérebro e além do ego, nos dá a oportunidade de cruzar o medo da morte, alcançando a sua aceitação e vivendo em plenitude a vida.
A Dimensão Física
A dimensão física começa na concepção e vai até os 6 meses de idade, período em que todo o registro é sensorial. Qualquer sensação que ameace a vida física é percebida como uma ameaça de morte, (GROF, 1988) e como neste estágio o desenvolvimento do nosso sistema nervoso não está de todo formado (ESBÉRARD, 1980) esse medo é registrado na memória celular e não elaborável intelectualmente. É o medo visceral e irracional da morte escrito em nós. O propósito básico ou seja o objetivo principal desta fase é crescer com saúde e segurança. Esta segurança é necessária para que a criança possa contatar, conhecer e se expressar neste plano dual. A necessidade básica desta fase é a sobrevivência. É nesta fase que iremos observar os reflexos instintivos e automáticos de auto-preservação como a reação do choro quando sentimos fome. O medo básico desta fase é o de danos que causem ameaça à vida física. Toda experiência sensorial que seja percebida como ameaçadora é registrada como uma experiência de morte. Fechando esta fase do desenvolvimento e inseridos em uma dimensão dual, temos duas maneiras de concluí-la: positivamente, quando integramos as experiências traumáticas peri-natais e ameaçadoras da vida física, adequando-as à realidade subsequente, tornamo-nos seguros; negativamente, quando congelamos estas experiências, transformando-as em imagens que se repetirão num continuum na realidade subsequente, tornamo-nos inseguros e instáveis. (PIERRAKOS, 1990) As experiências peri-natais são, em geral, traumáticas, ameaçam todo sistema de vida do bebê e, por si só, bastam para registrar a nível celular o medo da morte e suas implicações no inconsciente. O bebê vem de um sistema ideal de sobrevida e nutrição e, já ao nascer, é necessário que lute pelo ar inspirado para sobreviver. (GROF, 1988). Somando-se a isto as experiências físicas que ameaçam sua sobrevivência, o bebê experimentará grandes traumas a partir da unidade simbiótica original com o organismo materno e a partir de suas próprias experimentações.

A Dimensão Emocional

A dimensão emocional, segundo estágio do nosso desenvolvimento, vai dos 6 meses aos 6 anos de idade. A vivência básica desta fase é a experimentação dos sentimentos e das emoções. A criança passa a reconhecer pai e mãe, a responder de forma emocional dos estímulos externos, e passa a aceitar ou rejeitar, circunstâncias em função do princípio do prazer e da dor. (FREUD, 1976). O propósito desta fase é relacionar-se. É nesta fase que a criança amplia o processo de relacionamento, tão importante para o desenvolvimento do Ser, tornando-nos capazes de partilhar informações, sentimentos e sensações. A necessidade básica da criança é de ser amada e, aos poucos, com este aprendizado, surge a necessidade de também amar. As experiências de amor, distorcidas ou não, que experimentamos nesta fase serão determinantes para nossa crença do que é o amor. (PIERRAKOS, 1990). A depender da crença que formamos, reconheceremos o amor ou não. Habitualmente crescemos aprendendo um amor totalmente condicional, amo você se..., amo você se você se comportar, não chorar, não fizer malcriação; e desta forma ficamos todo o tempo tentando comprar, vender, trocar ou barganhar amor. O medo básica desta fase é do abandono e da rejeição. Por melhor, mais atenciosos e carinhosos que tenham sido nossos pais, todos nós, em algum momento desta fase, conhecemos a rejeição e o abandono. Dependendo do grau de abandono, rejeição e suas circunstâncias, temos duas formas de concluir esta fase: em uma conclusão positiva, quando da integração, permissão e expressão dos sentimentos, o resultado será o amor próprio, auto-estima, a habilidade de dizer não e de suportar a frustração; caso contrário, ocorre a auto-desqualificação. São registrados vários mecanismos de defesa para suportar a "morte emocional", tais como repressão, negação, introjeção e projeção, entre outros. (CREMA, 1985). Registram-se, então, congelamentos responsáveis pelos bloqueios emocionais, que irão gerar nas estratégias de caráter as questões duais que representarão nosso maior impedimento e, paradoxalmente, a ponte para a nossa realização pessoal. (BRENNAN, 1987).

A Dimensão Intelectual ou Mental

A dimensão intelectual ou mental vai dos 6 anos à adolescência; sua vivência básica é o desenvolvimento do pensamento e da racionalidade. O sistema nervoso humano só conclui seu desenvolvimento completo por volta dos 7 anos de idade. Todos os medos sentidos até esta fase estarão registrados de forma visceral na memória celular, e na forma de crenças na dimensão emocional, ambas anteriores a este desenvolvimento. Daí falarmos em congelamentos, não acessíveis pela simples elaboração intelectual, e sim através de vivências regressivas, métodos nativos de resgate de alma, hipnose, sessões de cura e outros. (BRENNAN, 1987 e ACHTERBERG, 1985). O propósito desta fase é compreender a si mesmo e ao mundo. O homem é o único ser vivente capaz de ser sujeito e objeto de uma ação. A racionalidade, diferente da racionalização, esta um mecanismo psicológico de defesa, é a capacidade do ser humano de analisar, situar, classificar, julgar, decidir e discernir sobre fatos seus e do mundo. A necessidade básica é conhecer e organizar a realidade para lidar com as questões que a vida nos impõe. Neste momento da nossa evolução é onde aprenderemos a estabelecer relações entre nossas sensações, nossos sentimentos e nossas crenças com a realidade das nossas circunstâncias. O medo básico desta fase é o medo do desconhecido, do insondável e do inquestionável, o medo da entrega. A integração das experiências vividas nesta fase, a valorização da estrutura racional do discernimento, do reconhecimento da nossa própria capacidade intelectual nos leva a ser agentes transformadores da realidade. A não integração das experiências desta fase leva a inadequação na realidade, à inabilidade de escolhas pertinentes e ao congelamento em falsas auto-imagens, mantendo padrões de negatividade. (DONOVAN, 1993). Levamos muito tempo da nossa vida para integrar estes três níveis: físico, emocional e mental - o nível da personalidade humana. Apesar do desenvolvimento da dimensão espiritual se dar à partir da adolescência, só será possível nos dar conta desta dimensão e continuar a desenvolvê-la conscientemente se tivermos integrado as três dimensões anteriores. (WALSH e VAUGHAN, 1980).

A Dimensão Espiritual

A última dimensão nesta cronologia, a espiritual, tem início na adolescência e continua até momentos antes da morte física. Uma vez integrados os três primeiros níveis do ser humano e avançando no processo de individuação, alcançamos uma dimensão além do ego e do inconsciente pessoal e entramos no campo do Self ou Eu Real. Nesta direção, damos o enfoque da espiritualidade e das necessidades transcendentais inerentes a todo ser humano e diferentes do seu nível de religiosidade. (GROF, 1988). A vivência básica desta fase é a vontade de saber ouvir a voz interior, ainda que muitas vezes nos vários níveis de inconsciente, com a propósito de alcançar a unidade. Como viemos da unidade temos uma pulsão de buscar a unidade: buscamos a nossa integração física cuidando da nossa alimentação, do nosso ambiente, do nosso conforto; a nossa integração emocional vivenciando e aceitando nossos sentimentos, as nossas rejeições e abandonos; e nossa integração mental rescrevendo a nossa própria história e transformando as nossas realidades. A necessidade básica de retornar à unidade somente se realiza quando nos tornamos co-criadores dos nossos próprios processos e assumimos a responsabilidade pelas nossas próprias circunstâncias. O medo desta dimensão é o de submeter-se. Entendemos submissão, no contexto do nosso ego, como humilhação e sinais de fraqueza e perda. Paradoxalmente quando somos donos do nosso ego é que podemos abrir mão dele e submetê-lo ao nosso Eu Real. "Somente quando você perder a sua vida, e ganhará...". (Lc 17,33 1973). Então nosso maior impedimento - as realidades cotidianas e dramáticas do nosso ego e personalidade - se transforma na maior potencialidade para nos introduzir numa realidade maior, aqui e agora. Integrando as experiências da dimensão espiritual à ampliação da consciência, alcançamos a paz interior, o conhecimento do propósito da vida. Ao contrário, quando não conseguimos integrar as três dimensões interiores: física, emocional e mental, não alcançamos nosso desenvolvimento na espiritual e ficamos desorientados e sem propósito.

Evolução do Desenvolvimento Humano nas Quatro Dimensões
.
FÍSICO
EMOCIONAL
INTELECTUAL
ESPIRITUAL
Período
da concepção aos 6 meses
dos 6 meses aos 6 anos
dos 6 anos à adolescência
da adolescência em diante
Vivência
sensorial
emoções e sentimentos
pensamento e racionalidade
saber ouvir a voz interior
Propósito
crescer com saúde e segurança
relacionar-se
compreender a si mesmo e ao mundo
alcançar a unidade
Necessidade Básica
sobreviver
ser amado e amar
conhecer e organizar a realidade
ser co-criador da própria vida
Medo Básico
danos físicos
abandono e rejeição
entregar-se
submeter-se
Conclusão Positiva
segurança
amor próprio, auto-estima, habilidade de dizer não e de suportar a frustração
transformar a realidade
conhecimento do propósito da vida e paz interior
Conclusão Negativa
insegurança
auto-desqualificação
falsas auto-imagens e inadequação à realidade
desorientação e falta de propósito


Conclusão

Conhecemos os medos em todas as dimensões do nosso desenvolvimento e a experiência destes medos constituem-se a vivência de nossas mortes diárias, tenhamos consciência disto ou não. Assim, morremos a cada respiração, a cada apego, a cada fuga, a cada perda, a cada dia quando dormimos, a cada crença que abrimos mão... Na dimensão física percebemos e reagimos instintivamente a estas perdas; na dimensão emocional sentimos rejeitamos ou aceitamos nestas mesas perdas e na dimensão intelectual alcançamos o conhecimento destas mortes diárias. E não conseguimos transformá-las. A transformação só é possível com o desenvolvimento espiritual, quando transcendemos o conhecimento, apliando nossa consciência e alcançando a sabedoria. Quanto mais conscientes estivemos de nossas mortes diárias, mais nos preparamos para o momento da grande perda de tudo que colecionamos e nutrimos nesta vida, de toda a nossa bagagem intelectual, todos os nossos relacionamentos afetivos e do nosso corpo física. Lembrando que o grande medo da dimensão espiritual é o de submeter-se, podemos afirmar que só com muita fé poderemos nos submeter ao momento da morte de forma suave e menos dolorosa. É bom lembrar que não precisamos aguardar a proximidade da morte física para entrarmos em contato com estes medos, muito pelo contrário, se fizermos antes este contato através de nossas pequenas mortes diárias, alcançaremos uma melhor qualidade de vida, enquanto nos preparamos para a grande perda, a do corpo física. Morte e vida são opostos na nossa realidade dualista e apenas nela. Morte e vida são um único aspecto quando nos tornamos um Ser Inteiro, integrando e vivenciando todas as dimensões do Ser.

NUREKR I e ITAI

Por acreditar na origem do medo da morte em suas quatro dimensões, fundamos a ITAI como a filosofia de promover a dignidade na vida e na morte a todas as pessoas que assim o quiserem, entendendo dignidade como o respeito a si mesmo, ao outro e a todas as formas de vida; e adotamos o "HOSPICE" como modelo assistencial a nível domiciliar, ambulatorial e hospitalar. O NUREKR I, imbuído desta filosofia e inserido em um contexto acadêmico, desenvolveu um programa de capacitação visando uma mudança de atitude frente a morte e ao processo de morrer, permitindo assim que seus profissionais, ao receberem uma assistência na elaboração de suas perdas pessoais sejam capazes de assistir ao processo de morrer e a morte de seus clientes com menos transferências, aumentando assim a qualidade de seus atendimentos. Neste processo de capacitação temos a oportunidade de trabalhar as cinco fases que antecedem a morte, descritas pela Dra. Elisabeth Kübler-Ross: NEGAÇÃO, RAIVA, BARGANHA, DEPRESSÃO E ACEITAÇÃO (KÜBLER-ROSS, 1969), nas quatro dimensões do ser humano: física, emocional, mental e espiritual.

Autores:
Celso Fortes de Almeida Médico Psicoterapeuta, Presidente e fundador da ITAI e da Rainbow Tribe Institution Foundation. Maria Fernanda C. Nascimento Médica Psicoterapeuta, Counselor do Pathwork.





A origem do medo


Como o medo – do amanhã, de perder o emprego, da morte, da doença, da dor – é gerado? O medo envolve um processo de pensamentos sobre o futuro, ou sobre o passado. Tenho medo do amanhã, do que pode acontecer. Tenho medo da morte que ainda está longe, mas mesmo assim me amedronta. Bem, o que é que gera esse medo? O medo sempre existe em relação a alguma coisa. Se não fosse assim, não haveria medo. Temos medo do amanhã, do que passou e do que está por vir. O que cria o medo? Não é o pensamento?
O pensamento é a origem do medo
O pensamento gera o medo. Penso que perdi o emprego, ou que poderei perder, e esse pensamento cria medo. O pensamento sempre se projeta no tempo, porque pensamento é tempo. Penso na doença que tive, e como não gostei de sofrer tenho medo de que o sofrimento possa voltar. Senti dor, e pensar nisso, não querer senti-la de novo, cria medo. O medo está estreitamente relacionado ao prazer. A maioria de nós é guiada pelo prazer. Para nós, assim como para os animais, o prazer é da máxima importância e faz parte do pensamento. Quando penso em algo que me deu prazer, esse prazer aumenta. Concorda? Já notou isso? Você teve uma experiência de prazer – olhando o pôr-do-sol, ou fazendo sexo-, e pensa naquilo. Pensar na experiência aumenta o prazer, assim como pensar na dor que teve gera medo. Então, o pensamento cria o prazer e o medo, não é verdade? O pensamento é responsável por desejarmos o prazer e querermos que ele continue, da mesma forma que é responsável por sentirmos medo. Qualquer um pode ver isso, é um fato real, experimentável.
Então, alguém pergunta: “É possível deixar de pensar no prazer e na dor, é possível pensar apenas quando o pensamento é requisitado, nunca de outro modo?” Quando você está trabalhando em um escritório ou fazendo qualquer outro trabalho, o pensamento é necessário; do contrário, nada poderia ser feito. Quando você fala, escreve, vai para o trabalho, o pensamento é necessário. Mas o pensamento é necessário em qualquer outro campo de ação?
Por favor, preste atenção. Para nós, o pensamento é muito importante, pois é o único instrumento que temos. O pensamento é a reação da memória, que se acumulou através de experiência, conhecimento, tradição. A memória é o resultado do tempo, foi herdada do animal. E é com essa formação que reagimos. Essa reação é pensar. O pensamento é essencial em certos níveis , mas quando se projeta psicologicamente como futuro e passado, cria o medo, assim como o prazer. Nesse processo a mente fica entorpecida e, desse modo, a inação é inevitável. Senhor, o medo, com já dissemos, é criado pelo pensamento. Pensamos na possibilidade de perder o emprego, de a esposa fugir com alguém, pensamos na morte, pensamos que já passou e assim por diante. Pode o pensamento parar de pensar no passado ou no futuro, psicologicamente, autodefensivamente?
Atenção sem um centro
Alguém pergunta: “ É possível o pensamento acabar de modo que se possa viver plenamente?” Você já notou que quando dá atenção completamente a alguma coisa não há nenhum observador e, portanto, nenhum pensador, não há um centro onde você se coloca para observar?
A atenção elimina o medo
Quando você presta essa atenção, não há absolutamente nenhum observador. E é o observador que gera medo, porque é o centro do pensamento, é o “mim”, o “eu”, o ego. O observador é o censor. Quando não há pensamento, não há observador. Esse estado não é inerte. Exige muita investigação, nunca aceita coisa alguma.
Do livro: O que você está fazendo com a sua vida? < Passagens selecionadas sobre as grandes questões que nos afligem – Capítulo: Medo. pág. 81 a 87>

Não destrua seus valores comparando-se com outras pessoas. É por sermos diferentes uns dos outros que cada um de nós é especial. Não estabeleça seus objetivos por aquilo que os outros consideram importante. Só você sabe o que é melhor para você. Não considere como garantidas as coisas que estão mais perto de seu coração.
Dê atenção a elas como à sua vida, pois sem elas a vida não tem sentido. Não deixe sua vida escorregar pelos dedos, vivendo no passado ou só voltado para o futuro. Não desista enquanto você tiver algo para dar.
Uma coisa só termina realmente no momento em que você deixa de tentar. Não tenha medo de admitir que você é "menos que perfeito". É esse tênue fio que nos liga uns aos outros. Não tenha medo de correr riscos. É aproveitando as oportunidades que nós aprendemos a ser valentes.
Não exclua o amor de sua vida dizendo que ele é impossível de encontrar. A maneira mais rápida de perder o amor é agarrar-se demais a ele, e a melhor maneira de conservar o amor é dar-lhe asas. Não despreze seus sonhos. Viver sem sonhos é viver sem esperança. Viver sem esperança é viver sem objetivo. Não corra pela vida muito depressa. A pressa pode fazê-lo esquecer não só onde você esteve, mas também para onde você vai. A Vida não é uma competição, mas uma jornada, e cada passo do caminho deve ser saboreado.